A questão de avaliação de uma empresa constitui tema de importância fundamental, principalmente, quando estamos diante de um fato concreto em termos de necessidade de venda, interesse de compra, fusão de empresas ou formação de parcerias.
É, exatamente, nessas oportunidades que identificamos pontos de fundamental importância que deverão ser objeto de avaliação, destacando-se:
a) Quanto vale a empresa do ponto de vista patrimonial considerados os principais componentes de Ativo e Passivo?
b) Quanto valem os ativos representativos de direitos junto à clientes e os estoques de materiais e produtos?
c) Quanto valem os principais bens patrimoniais tangíveis de propriedade da empresa?
d) Quanto valem os bens intangíveis destacados como tais as marcas de produtos, patentes e direitos de uso da empresa?
e) Quanto valem os aspectos de tradição, conceito no mercado e aspectos organizacionais da empresa.
f) Qual o valor de contingências face a processos em curso de responsabilidade civil da empresa.
g) Qual o valor de contingências, junto ao pessoal da empresa, inclusive, em caso de rompimento de contratos de trabalho, destacando-se o Aviso Prévio, Multas a título de Fundo de Garantia, Férias vencidas e proporcionais e respectivos encargos incidentes, 13º Salário proporcional e encargos incidentes e outros, já em processo de julgamento.
h) Qual o valor de eventuais contingências junto a terceiros, representado por pessoas físicas ou Jurídicas, em caso de rompimento de contratos firmados, destacando-se as Multas Contratuais e Encargos Incidentes, inclusive aqueles em processo de julgamento.
i) Qual o valor de eventuais contingências junto a terceiros, decorrente de operações ou responsabilidades diversas da empresa.
Estas e outras análises pontuais serão necessárias a fim de ajustar o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados, consideradas as operações realizadas, inclusive aquelas decorrentes de eventual rompimento.
Temos observado nos últimos anos a adoção de práticas de avaliação, mesmo em empresas de porte significativo, utilizando métodos empíricos com a aplicação de múltiplos de resultados, “EBITDA”, volume de vendas ocorridas, lucros distribuídos e outros. Concordamos constituírem critérios de real praticidade, porém, de pouca exatidão para fins de uma avaliação técnica mais significativa. A sua adoção somente poderá ser aceita em casos envolvendo negócios de pequeno porte nos quais um estudo mais técnico se tornaria complexo e talvez pouco compreensível.
Convém destacar que quando discutimos o valor de uma empresa devemos estimar o “quanto a mesma será capaz de gerar de resultados em um período futuro” e, não apenas, quanto a mesma realizou no passado.
Não é recomendável comprar uma empresa somente com base em seu sucesso anterior, mas, sim, principalmente, com a expectativa de resultados a serem realizados. Para reforçar esta afirmativa basta analisar o grande número de empresas que obtiveram sucesso no mundo e que hoje constituem apenas uma breve lembrança do passado.
Recomendamos, ao avaliar uma empresa, destacado, principalmente, os casos de intenção de compra, efetuar um diagnóstico mais completo da mesma a fim de identificar os seguintes pontos:
• Estimar a redução de custos de produção ou prestação de serviços passível de ser obtida pelos novos administradores ou gestão profissional.
• Estimar a redução passível de ser obtida nas áreas de logística de entrega e serviços adicionais de instalação nas dependências do cliente ou comprador.
• Estimar a redução passível de ser obtida compreendidos os serviços de suporte de vendas e marketing da empresa.
• Estimar a redução de despesas de pós-venda, envolvendo eventuais cláusulas de garantia, assistência técnica, responsabilidade por trocas e devoluções, indenizações e outras.
• Estimar a redução de despesas gerais e administrativas, passíveis de serem obtidas, principalmente nos casos de fusão de empresas.
O valor principal de uma empresa, além da avaliação obtida através de sua análise patrimonial e ajustes acima destacados, deverá considerar – principalmente – o Valor Presente de seus Resultados Projetados, discutindo-se neste ponto os aspectos de: Prazo para projeção de resultados estimados, Proporcionalidade de distribuição entre as partes vendedora e compradora, eventual período ou prazos de perpetuidade, Taxa de Juros e de Grau de Risco do Negócio, Montante de Investimentos em bens e novos produtos e serviços a serem realizados pelo investidor e outros fatores de responsabilidade deste último.
Consideramos que os Resultados Projetados foram contemplados obedecido a um Conceito de Margem de Contribuição e deduzidos após a sua obtenção os valores de comportamento fixo, financeiros e provisões recomendáveis.
Análises adicionais em termos de EVA, Grau de Retorno dos Investimentos, Ponto de Equilíbrio Econômico e Financeiro, Capital de Giro, Comportamento de Resultado Marginal em Nível Operacional e Mercadológico, Projeção de Fluxo de Caixa Operacional e de Investimento e Resultado Econômico e Financeiro (resultado em cash basis), deverão, sem dúvida, contemplar um projeto global a fim de justificar, a um investidor racional, uma aquisição de forma técnica e responsável e, porque não se afirmar: de forma inteligente, com reais perspectivas de sucesso.
Prof. Ricardo Ferro Tavares