Um ano após os primeiros casos de Covid no país, projetos de assistência à saúde emocional de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e demais profissionais de saúde surgiram por todo o Brasil. Algumas iniciativas começaram nas redes sociais e outras foram adotadas por entidades de classe, todas elas preocupadas com o bem-estar de quem permanece na linha de frente.
Nos primeiros meses da pandemia, o Núcleo de Estudos da Burocracia (NEB), da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), fez a pesquisa “A pandemia de Covid-19 e os profissionais de saúde pública no Brasil”. Entre os resultados, apenas 14,2% dos entrevistados afirmaram estar preparados para lidar com a doença. A maioria (64,97%) disse que não estava apta, sendo que o restante não soube responder.
Um ano após as primeiras respostas, diversos trabalhadores da área da saúde voltaram a ser ouvidos. De acordo com a Agência Brasil, esta nova etapa da pesquisa consultou 1.829 profissionais de diversos campos em todas as partes do país. 80% deles disseram que tiveram algum problema de saúde mental ao longo dos últimos 12 meses. Participaram do estudo médicos, enfermeiros, agentes de saúde comunitária, fisioterapeutas, entre outros.
“O que a pesquisa mostra é que a situação deles piorou em termos emocionais e da própria saúde. Porque eles estão há um ano na ativa, sem parar, sem licença ou descanso, ao mesmo tempo que as condições materiais deles não melhoraram”, diz uma das autoras do estudo, a pesquisadora da FGV Gabriela Lotta.
Projeto Luna
De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), a saúde dos médicos é diretamente afetada pelas situações difíceis que os profissionais têm enfrentado há mais de um ano. Pensando nisso, o CFM, em conjunto com o MPF e o CNMP, lançou o Projeto Luna (Levantamento Unificado e Nacional de Alertas), um canal de comunicação entre os médicos brasileiros e os CRMs para o registro de denúncias sobre falhas nas condições de trabalho e de atendimento na área da saúde.
Apoio aos enfermeiros
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) disponibiliza atendimento de apoio à saúde mental de trabalhadores da enfermagem em seu site, no formato de bate-papo, com profissionais voluntários. O serviço é específico para quem precisa de apoio em virtude do enfrentamento à Covid-19.
Coletivos em saúde mental
Profissionais de saúde com idades entre 20 e 59 anos, atuantes na rede pública e privada, residentes no Rio Grande do Sul, Distrito Federal ou São Paulo, podem participar do projeto Coletivos Saúde Mental. A partir de um consórcio de universidades, que inclui a USP, a iniciativa abrange também idosos e tem como objetivo apoiar dois dos grupos mais afetados pela pandemia.